Biodiversidade brasileira unida à saúde e bem estar

A medicina tradicional encontra os fitoterápicos

A ciência e a medicina tradicional têm buscado cada vez mais os recursos naturais para desenvolver produtos que promovam a saúde das pessoas e ajudem no tratamento de diversas doenças. Dado o número de espécies de plantas na Terra e as várias vias biossintéticas capazes de produzir uma extraordinária diversidade química, a biodiversidade em ambientes tropicais e equatoriais, que abrange grande parte do território brasileiro, oferece um potencial particularmente rico em compostos biologicamente ativos com potencial ​​como modelos para a química medicinal e a descoberta de novas drogas.

Dado o número de espécies de plantas na Terra e as várias vias biossintéticas capazes de produzir uma extraordinária diversidade química, a biodiversidade em ambientes tropicais e equatoriais, que abrange grande parte do território brasileiro, oferece um potencial particularmente rico em compostos biologicamente ativos com potencial ​​como modelos para a química medicinal e a descoberta de novas drogas.

Assim, a indústria de fitoterápicos está em crescente desenvolvimento no mundo e pode representar uma oportunidade para o setor farmacêutico no Brasil, não apenas pela riqueza de seu ecossistema, mas também pelo conhecimento tradicional e científico acumulado pelos indivíduos e pelas instituições de ciência e tecnologia a respeito das plantas e de suas atividades biológicas.

Nesse contexto, a indústria farmacêutica  tem investido no estudo de plantas para o desenvolvimento de agentes fitoterápicos padronizados ‒ com eficácia, segurança e qualidade comprovadas.

A utilização saudável e ética dos fitoterápicos

A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde a Declaração de Alma-Ata (1978), reconhece que cerca de 85% da população dos países em desenvolvimento utilizam plantas ou produtos à base de plantas na área da saúde, enquanto em países desenvolvidos esse número gira em torno de 50%, sendo este percentual menor ligado principalmente a doenças relacionadas ao estilo de vida.

De maneira geral, os fitoterápicos são utilizados de forma complementar em casos de doença aguda, além de serem úteis para várias doenças crônicas de intensidade leve a moderada e usados ainda em cuidados preventivos. 

A medicina tradicional encontra os fitoterápicos

Um estudo brasileiro de revisão científica, publicado em 2018 por médicos e professores do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCMFMUSP), apontou que os fitoterápicos costumam ter menos efeitos adversos e, em geral, as pesquisas mostram que as pessoas que fazem uso desse tipo de medicamento costumam ser as que mais se preocupam com a saúde.

As formas tradicionais de uso desses produtos, como na medicina integrativa, ayurvédica, medicina tradicional chinesa, homeopatia, acupuntura e todas as outras práticas consideradas “alternativas”, têm sido adotadas com cada vez mais frequência.

Medicina tradicional comprovada científicamente

Consideradas normalmente como tratamentos complementares, assim como acupuntura e homeopatia, essas práticas alternativas podem indicar uma desinformação sobre os fitoterápicos, que são produtos que passam por um procedimento de registro de medicamentos que segue os mesmos preceitos e regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para medicamentos sintéticos e alopáticos.

A tendência observada para a fitoterapia é de uma participação cada vez maior na assistência à saúde da população utilizando a comprovação científica. Com isso, não se pode prescindir da avaliação dos efeitos terapêuticos de cada fitoterápico, com base em estudos clínicos conduzidos dentro de padrões éticos e científicos. Assim como é importante a padronização da produção de fitoterápicos para doses uniformes, atendendo aos critérios de qualidade.

Essa padronização é um pré-requisito para a constância dos efeitos terapêuticos e para a segurança do usuário de fitomedicamentos. No entanto, é importante ressaltar que, embora medicamentos à base de plantas tenham normalmente menos efeitos adversos, os indivíduos precisam de acompanhamento médico no início de qualquer tratamento e não devem nunca abandonar ou substituir remédios sem orientação profissional.

Medicamentos naturais no tratamento da obesidade

Um grupo de pesquisadores realizou uma revisão sistemática publicada em 2012 na publicação científica norte-americana Journal of Medicinal Food, em que foram avaliadas as evidências de ensaios clínicos rigorosos a respeito da eficácia de formulações fitoterápicas usadas ​​na medicina oriental tradicional para o tratamento da obesidade. O artigo descreve a segurança e os tipos de eventos adversos relatados nesses ensaios.

No escopo do trabalho, foram pesquisados 14 bancos de dados, a partir de termos como “obesidade”, “obeso”, “herb”, “herbal” e “herbal medicine”, sem restrição de idioma. Todos os ensaios clínicos randomizados, usando medicamentos fitoterápicos mistos em indivíduos obesos ou com sobrepeso, foram considerados para inclusão. Das publicações nas bases de dados identificadas, 1.144 resultados foram pesquisados ​​e revisados, e, no total, 12 estudos foram incluídos na publicação. Os resultados da revisão científica fornecem evidências de que fitoterápicos mistos podem ser seguros e eficazes para o tratamento da obesidade. Isso quando comparados com medicamentos convencionais, placebos ou controle do estilo de vida. Muitos estudos também relataram condições concomitantes melhoradas, incluindo intolerância à glicose, hipertensão e inflamação. 

Fitoterapicos no tratamento da obesidade
Fitoterapicos no tratamento da obesidade

O passo a passo na produção de um fitoterápico

Resultado dos avanços científicos, o processo de produção de um fitoterápico de qualidade inclui hoje várias etapas, tais como:

  • Cultivo controlado para garantir plantas com níveis de qualidade constantes;
  • Matéria-prima obtida na colheita prensada e seca para transporte e armazenamento, com local extremamente limpo e bem ventilado;
  • Embalagens armazenadas separadamente de outras plantas armazenadas nas mesmas instalações e longe do chão; e
  • Extratos obtidos analisados ​​quanto à pureza e dosagem de princípios ativos.

A produção começa com a preparação de um extrato, obtido a partir de um processo que começa com as matérias-primas sendo transformadas em pó. Em seguida, esse pó deve ser dissolvido em uma solução extratora ‒ para cada planta é utilizado o solvente mais adequado: água, álcool, éter, entre outros. 

No passo seguinte, essa solução líquida é filtrada, obtendo-se um extrato por evaporação do solvente e secagem a vácuo ‒ nesse processo, normalmente a temperatura é elevada para valores entre 40°C e 50°C.

O extrato obtido é, então, utilizado para desenvolver o produto final em cápsulas, gomas, comprimidos ou outras formas de administração.

Mercado brasileiro de fitorerápicos

A biodiversidade e o potencial econômico da flora brasileira já eram, desde 1886, descritos em inventários, testemunhando a sua riqueza em plantas produtoras de frutos, resinas, óleos, gomas, aromas, e, principalmente, medicamentos naturais.

Surpreendentemente, o primeiro fitoterápico totalmente desenvolvido no Brasil, exclusivamente com plantas brasileiras, foi um anti-inflamatório à base de Cordia verbenacea, um arbusto da Floresta Amazônica conhecido tradicionalmente por reduzir inflamações. Foi lançado comercialmente em 2005 e logo se tornou líder em prescrições médicas.

Atualmente, o Brasil tem um vasto repertório científico sobre o uso medicinal de suas plantas, e as empresas brasileiras têm hoje a capacitação necessária para desenvolver processos tecnológicos internamente. Essa indústria, no entanto, ainda precisa ser mais desenvolvida para potencializar sua capacidade de inovação contínua e de produção de fitomedicamentos. 

Em conclusão, com o uso sustentável da biodiversidade nacional e o desenvolvimento de parcerias entre universidades e empresas, o Brasil pode se estabelecer como potência na produção de fitomedicamentos de qualidade, que cumpram todos os requisitos éticos e técnicos da indústria farmacêutica.

Referências:

  1. Paula M. Leite, Layla M. Camargos, Rachel O. Castilho, Recent progess in phytotherapy: A Brazilian perspective, European Journal of Integrative Medicine, Volume 41, 2021,101270, ISSN 1876-3820, https://doi.org/10.1016/j.eujim.2020.101270.
  2. Feng X, Merow C, Liu Z, Park DS, Roehrdanz PR, Maitner B, Newman EA, Boyle BL, Lien A, Burger JR, Pires MM, Brando PM, Bush MB, McMichael CNH, Neves DM, Nikolopoulos EI. Saleska SR, Hannah L, Breshears DD, Evans TP, Soto JR, Ernst KC, Enquist BJ. How deregulation, drought and increasing fire impact Amazonian biodiversity. Nature. 2021 Sep;597(7877):516-521. doi: 10.1038/s41586-021-03876-7. Epub 2021 Sep 1. PMID: 34471291.
  3. Lopes CMC, Lazzarini JR, Soares Júnior JM, Baracat EC. Phytotherapy: yesterday, today, and forever? Rev Assoc Med Bras (1992). 2018 Sep;64(9):765-768. doi: 10.1590/1806-9282.64.09.765. PMID: 30672993.
  4. Park JH, Lee MJ, Song MY, Bose S, Shin BC, Kim HJ. Efficacy and safety of mixed oriental herbal medicines for treating human obesity: a systematic review of randomized clinical trials. J Med Food. 2012 Jul;15(7):589-97. doi: 10.1089/jmf.2011.1982. Epub 2012 May 21. PMID: 22612295.

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